O contributo da manutenção para a disponibilidade operacional

A gestão da infraestrutura e equipamentos (I&E) numa Unidade de Saúde está sujeita a um elevado nível de exigência. E no que respeita ao Serviço Central de Esterilização (SEC), que tem como produto final Dispositivos Médicos esterilizados aptos para o uso, e em tempo útil, a disponibilidade operacional da I&E, afigura-se como um factor operacional crítico.

É neste enquadramento que a gestão de I&E assume um papel preponderante, desde a concepção à manutenção dos meios, procurando assegurar uma disponibilidade operacional permanente.

Assim, no planeamento da I&E de uma Unidade de Saúde, quer os requisitos técnicos, quer os requisitos processuais, são analisados de forma a assegurar que a concepção do espaço e dos meios promovem a melhor eficácia operacional, não descurando a eficiência preconizada para cada processo, inerente às boas práticas que contribuem para a segurança do doente. Adicionalmente, é ainda necessário que os requisitos de fiabilidade sejam incluídos no processo de procurement, para que numa fase de operação, a I&E tenha uma disponibilidade de operacionalidade próxima de 100%.

Consequentemente, a manutenção da I&E é programada em função da fiabilidade operacional requerida, ou seja, planeada de acordo com o modelo RCM (Reliability Centred Maintenance).

Numa primeira fase, e alinhado com a Política de Manutenção preconizada para cada Unidade de Saúde, devem ser definidos objectivos para posterior monitorização do desempenho das I&E.

 Assim, terão que ser elaborados todos os planos de Manutenção – de acordo com a Politica de Manutenção adoptada – Ou seja, devem ser definidos os seguintes planos:

Manutenção de infraestrutura que garante que todo o suporte vital a nível de infraestrutura se encontra operacional, (AVAC, Eletricidade, Redes de Água), é elaborado tendo em conta todas as especificações e normativas a nível de qualidade de ar, tratamento de ar, tratamento de água, limpeza e respectivos controlos periódicos. Sendo um SCE uma área bastante sensível em questões ambientais, a Gestão Técnica Centralizada (GTC) possibilita a monitorização do ambiente operacional.

Manutenção de equipamentos, que verifica equipamentos utilizados no processo de esterilização preenchem os requisitos técnicos e normativos, todo este plano é baseado e estruturado segundo os protocolos de manutenção do fabricante. No entanto, e tirando partido do histórico de desempenho dos equipamentos, poder-se-á almejar uma maior disponibilidade operacional, transformando a manutenção preventiva em manutenção preditiva.

Calibração de EMM’s, que assegura a disponibilidade de todos os EMM’s (equipamento de medida e monitorização) necessários à operação tais como: sensores de temperatura, humidade e pressão, seladoras, incubadoras, que se encontram verificados e calibrados, garantindo assim a operacionalidade e o controlo ambiental.

Stocks, que contribui para a gestão de stocks da organização e estabelece os níveis mínimos, máximos e médios de stocks das peças (spares) necessárias à correcta operacionalização e gestão I&E, garantido o cumprimento da disponibilidade operacional. A previsão e definição dos níveis de stock é feita através de um historial de peças substituídas e número de intervenções de um determinado equipamento.

Com o planeamento efectuado, é despoletado um conjunto de actividades para execução, nas quais serão realizadas todas as intervenções de acordo com os planos definidos, intervenções essas de Manutenção Preventiva (MP). A MP será realizada em intervalos de tempo pré-determinados, ou de acordo com critérios prescritos com o objectivo de minimizar a probabilidade de avaria nas I&E.

O não cumprimento da MP, pode degenerar em riscos como falhas de produtividade e inoperacionalidade das I&E, que podem afectar o produto final do SCE. Por outro lado, o cumprimento de todos os planos de manutenção com actividades de frequência periódica diversa, permite-nos realizar um controlo e acompanhamento de todas as variáveis que influenciam a operação de um SCE.

Com um controlo e acompanhamento efectivo da manutenção é possível realizar um estudo da fiabilidade de equipamentos e aferir da aptidão do equipamento para realizar uma determinada função durante um dado período nas condições pré-definidas.

Deste modo, a informação gerada pela manutenção permite afinar os planos de manutenção para a melhoria do desempenho da I&E, procurando assegurar o primordial objectivo – garantir a disponibilidade operacional máxima para que a função do SCE seja cumprida.

Diversos indicadores de desempenho poderão ser conjugados com a disponibilidade operacional. No entanto, os mais relevantes para a manutenção centrada na fiabilidade, poderão ser os seguintes:

MTTR (Medium Time To Repair) – Tempo médio de Reposição de Avaria

MTBF (Medium Time Between Failures) -Tempo médio entre avarias. A disponibilidade e fiabilidade operacional melhora quando MTBF aumenta, e o MTTR desce.

Deste modo, e completando o ciclo planeamento/ execução/controlo na gestão de I&E, constatamos que o desempenho das I&E e a da informação gerada são essenciais para a tomada de decisões e consequente melhoria do seu planeamento, cujo contributo para a operação de um SCE é fundamental, entre outras variáveis, para a segurança do doente.

 

Autoria: Eng. João Almeida